terça-feira, 22 de novembro de 2011

Furacão... tempestade que assola a alma... de um Dragão de Sangue


Nem mesmo no seu covil o Dragão de Sangue se sente seguro. Pois dentro de si está a acontecer o maior furacão da sua vida.
Se o Dragão de Sangue pudesse terminaria e apagava todo o ano, bons e maus momentos que viveu.

Dói por saudade dos bons momentos que viveu, dói pelos horríveis momentos que está a passar.
Nunca amou assim, com tanta intensidade.
Nunca amou verdadeiramente.
Nunca se sentiu tão perdido como agora.

Os gritos interiores rasgam a alma e fazem sangrar o seu coração de fogo.
Um enorme vulcão assola o seu ser, queimando tudo por onde passa, a lava de vergonha, ódio, dor e amor.
Tudo isto brota de dentro e cria um gigantesco furacão que destrói tudo aquilo que outrora foi construído.

O Dragão de Sangue não tem mais forças, sente-se desgastado.

As suas asas não conseguem abrir de tão dormentes e feridas.
O seu fogo não jorra mais.
O seu uivo se encontra tão fraco como uma brisa entre as árvores à volta do covil.

O Dragão de Sangue sabe que tem de mudar de pele, largar o passado e renascer.
Mas já não há mais lago de lava quente onde o ritual de renascimento se dava.
Agora só resta rocha negra e cortante, onde já várias vezes desferiu em si, golpes profundos para arrancar a pele velha e ardente.

O Dragão de Sangue começa a acreditar que realmente é um monstro, pois não consegue entender como é que, já ninguém, vê nos seus olhos confiança e crença... daquilo que é verdadeiramente, um ser bom e honrado… todo essa essência se foi, escorreu por entre as suas escamas e evaporou no calor do seu coração de fogo?

Os sonhos se tornaram em pesadelos, a solidão em espinhos, a vontade num poço, o desejo em ácido. Tudo misturado, criando este gigantesco furacão que invade a alma e a corrompe.

Os olhares dos que envolvem, arrancam as ultimas defesas deste atormentado Dragão de Sangue.

Outrora este ser tinha para além do seu covil, outro refúgio, refugiava-se em tempos na sua labora. Agora é um inferno cada dia que é marcado com a troca do sol e da lua.

Perdido no seu interior, vê sua amada a difama-lo e a espezinha-lo. Quem em tempos dizia que este dragão era um ser de valor e especial.
Onde está tais tesouros e riquezas que habitavam no seu interior de dragão?

Sim, errou! Sim, fez coisas que não se recorda, sim, é um dragão! Mas um dragão que em tempos fora um humano.
Mas continua a ser o que sempre foi, bondoso, frágil, gentil, carente, carinhoso e dedicado.         

Merece castigo? Sim. Mas não na sua labora.
Deve, sim, ser castigado pela sua amada.

Mas, será que… será que… merece assim tanto, que lhe foi feito aos poucos, o que foi retirado e dito… por vezes há formas de magoar piores… mais silenciosas e dolorosas…
Mas, claro ele merece castigo e o Dragão de Sangue o sabe.

Mas ele sente, tem dentro de si tudo aquilo que fez brilhar, ou… todos estes sentimentos evaporam-se com o fogo que o devasta no seu interior, pois o furacão alastra essas chamas pelo seu interior, consumindo tudo.

O Dragão de Sangue, usa as suas ultimas forças para se manter, mas o fogo o consome.
O Dragão de Sangue, que era outrora imune ao fogo, se tornou um pitéu para as chamas da dor, solidão, ódio e amor.

Este mítico ser só queria dormir em paz, descansar sem as sombras de pesadelos de um vazio que preenche a sua mente.
Deseja que o mago não o visite nos seus sonhos e peça para não desistir da sua filha.
Deseja paz.

O Dragão de Sangue, só quer ser feliz e encontrar a sua paz.

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