Tenho
vontade de gritar ao céu as palavras que aprisiono em mim, em minha alma.
Mas quem iria ouvir. Se nunca me ouviram.
Nem estrelas, nem lua escutaram as minhas palavras.
Elas estão aqui presas, empurrando umas às outras, querendo sair,
ir em liberdade.
Cansado de impedi-las de sair.
Hoje talvez as deixe sair.
Estas palavras estão insaciáveis por sair e esvoaçar pelo céu sem
rumo.
Estou sendo atormentado por palavras que proferiam, que feriram a
minha alma.
Mas eu sou culpado, sem memória de outras que proferi e que
magoaram alguém muito importante na minha vida.
Eu não sou um monstro que dizem eu ser.
Eu não faço e nunca faria mal, seja a quem fosse.
Posso gritar, explodir verbalmente, mas nunca agrediria alguém.
Eu posso ter imensos defeitos, sei que sou uma pessoa difícil, mas
nunca seria mau e violento com alguém.
Eu conheço o meu íntimo, o meu âmago, a minha essência não é
destruidora.
Eu sempre fugi da violência, pois sempre fui vítima.
Quero voltar a acreditar em mim, e deixar de ter esta dúvida que alguém
colocou em mim.
Eu não me recordo, não tenho memória desse momento.
Preciso de saber, voltar a conhecer-me.
Eu sempre
fui e serei uma pessoa pronta a ajudar e a sacrificar pelos os outros, se
precisarem.
Coloco os
outros em primeiro lugar, dou valor ao que me dizem.
Como
seria eu capaz de magoar a pessoa que eu amo.
Não sou
mau, sou talvez emotivo, stressado, mas bom
e amigo.
Mas esta
duvida que se instalou em mim, está a destruir-me por dentro.
Não sou
capaz de erguer-me de novo.
Não sou
um monstro, não aceito em acreditar nisso, mas a as palavras que me dirigiram
marcaram em mim a noção de que sou sim, um monstro.
Doi
sentir que talvez estive enganado este tempo todo. E que afinal não sou quem eu
pensava ser.
Que devo
afastar das pessoas, porque sou mau.
E que
afinal não sei mesmo amar.
Sofro por
esta dúvida que invadiu o meu ser, que se alimenta da minha alma como um verme
sedento por vida.
E as
palavras são tantas que não consigo liberta-las todas. Tenho medo de as deixar
elas saírem.
Tenho
medo de as libertar. Tenho pavor do que posso ser. Tenho receio do que estas
palavras sejam.
Passei a
ter medo de mim e a odiar-me
Estou
morrendo, definhando…
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